13.5.08

O Primeiro

Ouvi a mesma música repetidas vezes.
Um esforço a cada tentativa de tirá-la da minha mente.

Andar pelas ruas.
O vento frio, milhares de sensações.
A presença dela em toda parte, como se o ar a trouxesse pra dentro de mim.

Meus olhos molhados, fugindo de coisas que tornariam esse dia impossível.
A liberdade. Um preço alto.
Cubro todos os sons. Recolho a respiração.
Na minha cabeça um filme. Quem dera o tempo fosse um filme e os segundos pudessem ser revividos...

Sinto frio.
Não pude ir.
Esperei algum tempo e não pude ir.
Continuo vendo aquele sorriso na minha frente.
O difícil é escapar das coisas que estão dentro.
A mesma música cem vezes. Um lugar onde não houvesse o lembrar, o arrepender-se.
Meu coração empurra meu corpo pra dentro.
Não era o caminho mais fácil. Era o único.
Imagino qualquer coisa impossível. Um desejo doído...
O choro de novo.
A beleza das coisas que espero ver, a das que já enfeitiçaram meus olhos,
Há quanto tempo não passava um dia sem aquela voz? Um dia, cem anos.

Não sei dizer porque as coisas me inundam desse jeito.
Às vezes um peso enorme...
A fusão das formas.

Moraria num segundo. O que a vida trará não se sabe.
Até aqui, moraria num segundo. O ápice de uma existência.

Que não seja essa dor em ti.
A vida, uma bobagem, meu coração, ridículo.
O estar incompleto.
O amor, um sem fim de razões,
Meu coração ingrato.

Vou procurá-la em outros tempos, outros lugares, outros abraços...
O que entra fica preso para sempre.
O romance jamais representado.